quarta-feira, 31 de março de 2010

A grande vítima


Existem duas personagens bíblicas, que chamam muito atenção pela forma diferente com que agiram mediante a culpa.
A primeira é a Pedro. A segunda, Judas Iscariotes. Um negou Jesus e, o outro, o traiu. Logo Jesus, o mestre, o amigo. Bastou um momento de fraqueza, para que ambos se afastassem Dele e O abandonassem. O desfecho da história destes homens é que é bem diferente. Claro que a culpa invadiu a alma, o coração de Pedro e Judas. A diferença é o que eles puderam fazer a partir da culpa.
Jesus não condenou nenhum dos dois. Não os acusou. Não cobrou... E nem, sequer, disse: “E você hein, Pedro??? Logo você... “ e nem “Justo você Judas, que até me beijou?”. Não. Jesus não apontou o dedo... A culpa nasceu dentro deles, causou dor, arrependimento e mostrou-lhes suas fraquezas.
Pedro buscou o perdão voltando para perto do Cristo. Judas se auto-condenou a pena máxima. Entregou-se a culpa e negou-se a oportunidade do perdão. Cego de dor, preferiu a morte.
Ao assumir a culpa e buscar o perdão, Pedro participa da Paixão de Cristo e desfruta da Ressurreição, tornando-se o primeiro Papa da Igreja. Judas pára na escuridão da morte.
O ser humano é falível. Erra. E sente culpa. Porém, creio que em muitos momentos de nossas vidas somos levados a uma escravidão da culpa. Culpa por não fazer nada; culpa por fazer tudo; culpa por não ter tempo, culpa por não ser, não estar, não fazer... A culpa por si só destrói. Arrasa. Consome. Liquida. Paralisa. Domina. E não existe nada pior do que não termos liberdade.
É preciso ter bom senso, equilíbrio, maturidade para o erro produza crescimento. Nos leve à experiência do perdão e da reconciliação. Inclusive, consigo próprio.
Quem nos acusa??? Quem nos aponta???
A nossa própria consciência precisa experimentar a salvação da vida. A traição que levou Jesus à cruz, não foi o fim. E Judas não teve tempo de ver. Não se permitiu vislumbrar o milagre da Ressurreição e o perdão dos pecados de todo mundo. Depois da cruz, Pedro teve a oportunidade de comer um banquete com Jesus, afirmar sua fé e receber o maior chamado de sua vida. Até então, tudo tinha sido um pretexto. O homem que chegou àquela “mesa” era o mesmo que O negou. Contudo, sua culpa o moveu a buscar o perdão e fez com que se tornasse apto para a missão.
Não podemos nos eximir da culpa. Mas podemos nos livrar dela e transformar o que era antes um erro, em acerto. Não podemos é nos privar de nossa inteligência, discernimento e lançarmos a todo pensamento envenenado pela culpa.
A cruz não é o fim...

Um comentário:

  1. Gostei muito desse texto, Andréia. É bastante reflexivo e me fez enxergar que muitas vezes nós somos os carrascos de nós mesmos e não precisa ser assim, não mesmo...

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