sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A força da responsabilidade

Já dizia Saint-Exupéry: “Você é eternamente responsável por aquilo que cativas”. E responsabilidade é um negócio sério... desde que eu era criança sinto o seu peso.
Sou filha mais velha, neta mais velha, sobrinha mais velha. Aquela que tinha que “ser responsável” para cuidar dos irmãos, dos primos. Aquela que não podia errar, dar maus exemplos. Fui a primeira a namorar na família, a primeira a trabalhar... enfim. Sei bem o que é ter responsabilidade.
Uma vez responsável, sempre responsável. Seus erros, seus deslizes não são tolerados, não são aceitos. É como se você deixasse de ser humano, porque afinal errar é só para os humanos.
Embora possa parecer, não estou reclamando. Este alto grau de responsabilidade e exigências na minha vida me trouxe muitas coisas. Um amadurecimento. Um senso de limite. Uma intimidade com o assunto. E alguma credibilidade.
Por diversas vezes, tenho me surpreendido com relação a certo retorno de minhas atitudes em relação aos outros. É um tal de “eu lembro de uma coisa que você disse” ou eu li no seu blog tal coisa. E aí, aquilo que muitas vezes fazemos de modo tão despretensioso, toma uma outra dimensão. O blog mesmo. A princípio, parecia realmente um diário... meu. E não é. Pode parecer um paradoxo. Mas ainda me surpreendo quando descubro a dimensão, a extensão de minhas palavras.
É aí que vejo a força da responsabilidade. Porque, em geral, eu nem vou lembrar do que propriamente eu cativei em cada pessoa com quem estive ou que, por ventura, passou pelo blog e se deu ao trabalho de ler o que escrevo. Porém, isto não diminuiu minha “responsabilidade”. Porque a pessoa lembra e isto já o suficiente para me “prender” a ela.
Esta força, me faz pensar em algo que recorrente vezes tenho dito: o que eu realmente quero deixar na pessoas com eu tenho a honra de cruzar na vida??? O que eu quero cativar?
Saint-Exupéry definiu que o tempo da responsabilidade é eterno. Não acaba. Não adianta usar máscaras. Elas não se sustentam. Sempre haverá alguém que conhecerá a face verdadeira. Então, o ideal é sermos não estarmos. Porque naquilo que nós realmente formos, nós poderemos ter a liberdade de agir, sabendo que deixaremos em quem quer que seja uma boa marca.
Tem uma música do Pe. Fábio de Melo que diz “não morrerá quem soube amar”. É assim que se faz o eterno. É assim que ativamos o vínculo com aquele que cativamos. É assim que nossa responsabilidade se fortalece e nos torna memoráveis. O eterno já começou...

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